
A grande contradição do verbo amar é o verbo "satisfazer".O primeiro apela à adoração, à paciência, à subtileza, e o segundo clama por fogo, êxtase, exaltação e impaciência. Como é possível encontrar a plenitude entre ambos? Não é. O ser humano tem uma característica inevitável de querer sempre mais, mesmo quando já se deveria dar por satisfeito. Tem uma sede infindável de se superar, de procurar por melhor, de ter aquilo que o outro possui. Quer sempre mais, e mais, e mais. Troca o que possui por coisas mais novas, ou mais atractivas, ou mais populares. Mas sempre foi assim, desde os tempos mais primórdios em que matava animais à pedrada. Mesmo agora, com telemóveis de ponta, e pessoas "quase" perfeitas, nunca se dá por satisfeito. Sim, a contradição do amor está na satisfação. Nada basta, nada é suficiente, nada nos completa a 100%. Há sempre alguém mais belo, divertido, espontâneo, doce ou inteligente que pensamos nos fazer mais feliz. Ah, a injustiça de quem se dá em vão, o desespero de quem não é suficiente, a dor de quem é deixado para trás. A moeda do amor tem dois reversos, e um deles é cunhado com beijos, o outro é esculpido em lágrimas. A sensação de que não bastamos, de que não somos suficientes, é uma constante que caminha silenciosamente ao lado da expectativa de sermos amados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário